quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

A pele enxerga melhor

"Eu tenho uma inclinação por sardas e cabelos ruivos. Mulheres com sardas costumam não gostar, é curioso.
Quando criança, uma amiga colava fita crepe no rosto e puxava acreditando que as sardas sairiam junto. Ela não respeitava as sardas, confundia com espinhas. Ficava furiosa com Deus, que pintou seu corpo sem permissão. Coloriu seus braços enquanto dormia no ventre. Abominava a idéia de ser diferente, tantos sinais de nascença como o número de estrelas. Sofria com brincadeiras alusivas à ferrugem.
Tanto que não usava dedos ou palitos de fósforo para aprender a contar na escola, mas as sardas. Enchia a tez de cremes da mãe para sarar daquilo que era uma virtude. Agredia as pintas como uma catapora, uma doença, uma tristeza de guitarra. Encabulada com os apelidos que poderia receber. Se um menino a observava com admiração, já tomava como crítica e virava o pescoço para não se machucar. Fugia de si, como se o véu fosse a própria face. Era uma muçulmana de sua timidez.
Enquanto ela queria tirar as sardas, desejava tê-las. A pele enxerga melhor com sardas. São os óculos naturais da pele. Fogo que levemente doura. Brasa singela que acomete as árvores e o crepúsculo no outono. Pão casado com a madeira.
As sardas são uma procissão da boca. Não retiram beleza, mas acentuam. Fazem qualquer rosto voar como os cabelos, subir como um vestido. Não deixam nenhum rosto brincar sozinho. São marcas de lábios das folhas. Uma chuva de folhas. O cheiro de alfazema das folhas.
O ouvido torna-se mais próximo das sobrancelhas, mais próximo do nariz, mais próximo do queixo. É possível acompanhar toda a vizinhança dos telhados. As sardas são balas de goma, o açúcar das balas de goma. Elas fazem o corpo rir mesmo quando está indisposto. Uma mulher com sardas tem jeito de praça na lomba. Eu só subia a lomba da rua porque tinha uma praça no meio do caminho para brincar e recuperar o fôlego. A praça sempre foi a véspera de minha casa. As sardas são a véspera do sol.
Um rosto com sardas, pode reparar, é bem iluminado. Não pela luz que entra, pela luz que já estava lá".
...
Fabrício Carpinejar

Sugestão da Cami, uma sardenta letrada e com muita(s) pinta(s)

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Sardnenta

Esther Walker é uma colunista britânica sardenta que abomina a escolha do Criador para o tom da sua pele. Reparte os seus dotes escrevinhadores entre o The Daily Mail e o The Independent e foi nesta insuspeita publicação, numa crónica de Agosto passado, que Esther se auto-flagelou com um violento desdém para com todas as sardentas do planeta. Uma revolta accionada por um artigo que já foi referido aqui. Alex Bilmes, editor na revista australiana da GQ, defendia, e muito bem, as virtudes das sardas. Esther não gostou e respondeu com dois pares de estalos. Ora atentemos a alguns excertos.
. "Disseste que se olhares para uma cara sardenta, vais por-te logo a imaginar como será o resto. Pois, Alex, eu não quero que tu saibas como é o meu resto. Não é nada divertido servir de inspiração para as pessoas colocarem questões do tipo: 'também tens sardas nas mamas'?"
. "É surpreendente a quantidade de pessoas que julgam ser correcto perguntar-me qual a tonalidade da pele do meu rabo. Nem sequer ouses..."
. "Ser sardenta em Inglaterra é como servir de saco de pancada"
. "Também há uma tradição na literatura de conotar as sardas com os falhados, feios e maus. Na Passagem para a Índia, Adela Quested é descrita sem qualquer encanto pelo Dr. Aziz. Em A Tempestade, Shakespeare criou Caliban, um selvagem sardento"
. "Não é mal pensar que as pessoas deviam abominar as sardas. Quando conheço alguem tão sardento quanto eu penso logo 'que camafeu'"
. "Desconfio de homens que gostam de sardentas. As raparigas sardentas até podem pensar que as pessoas aprenderão a gostar delas, mas gostar delas como são? É perverso"
Uma verdadeira injuriadora do bom gosto, livra!!!

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Bardemerda

Depois da comédia pura, o non-sense, o musical ligeiro e o thriller, Woody Allen oferece, a partir de hoje, ao seus adeptos cinematográficos portugueses Vicky Cristina Barcelona. Neste filme, uma sugestiva trama da líbido, podemos acompanhar, a par (e os pares) da curvilínea Scarlett Johansson, as potencialidades artísticas de Rebecca Hall, a sardenta convidada. Fruto do seu inesgotável conhecimento sociológico do quotidiano, Woody elegeu Rebecca (Vicky), um inglesa toda gira, para o contraponto (só aparente) da Scarlett, que neste filme ficciona um animal sexual despudorado. Por seu turno, Rebecca (Cristina) é certinha como um relógio inglês e está às portas do casamento. O pior é quando lhe é sugerido um menage com a sua amiga e um marialva espanhol, interpretado pelo indecoroso Javier Bardem. É preciso ter uma lata, oh Javi!!

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Substral para levantar o moral

A recessão económica nos Estados Unidos está a varrer todos os ramos industriais, desde o sector automóvel aos eventos de variedades com pessoas em pelota. A industria pornográfica, pela voz do magnata na área, Larry Flynt, reclamou às autoridades financiamentos que permitam inverter a tendência da crise. Os profissionais da actividade, entre eles a sardenta de hoje, de nome artístico Wendy, alegam que só eles têm capacidades de erguer o cepticismo que se abate sobre murcha sociedade norte-americana. Aguardamos a resposta de Obama e seus acólitos democratas

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Peúgada

Liana K, kapa de Kerzner, o apelido de família, é uma canadiana que subiu a pulso. Ou, no caso concreto, palmo a palmo. Ou, melhor ainda, à força das mãos. Ou, particularizando, à força da mão. Isto porque é assim uma espécie de namorada do Ed Sock, uma meia de feitio difícil que fuma desalmadamente e injuria os convidados do seu programa televisivo semanal. Depois de maçar os neurónios com livradas de literatura inglesa e antropologia, Liana deixou-se de coisas sérias e apostou na televisão, ao lado de um marreta. Nos tempos livres, gosta de se vestir com indumentárias ousadas de heroínas da ficção. Desde o manto do Capuchinho Vermelho ao insignificante trapo de escrava da princesa Leia, da Guerra das Estrelas, Liana multiplica-se em personagens, para júbilo do gosto masculino

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Vigorosa

Natalie Laughlin tem anca larga, antebraços nutridos, um manto adiposo sobre a zona nadegueira e um rosto sardento lindo, que a faz das modelos plus-size mais requisitadas do Mundo. A fama, cimentada por uma série de prémios e reconhecimentos de associações de combate à anorexia, permitiu-lhe estabelecer um recorde de seis outdoors consecutivos na cotadíssima Time Square de Nova Iorque. Com uma altura a bater o 1,80 metros e um peso omisso, Natahlie é um ícone das indumentárias para a cidadã comum, muito distantes dos cabides que bamboleiam as ossadas pelas passadeiras de criadores amaricados

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Natalya Besson?

A crítica mais precipitada refere-se a Natalya Rudakova, a nossa super-sardenta de hoje, como a nova Lana Turner de Hollywood. No que me respeita, desconheço que referências sustentaram tamanha apreciação, mas o caro leitor poderá atestar por si as propaladas qualidades desta russa no filme Transporter 3, que estreia hoje. Um dos argumentistas da referida pelicula de porradaria é o conhecido Luc Besson, o padrinho da artista. Na primeira pessoa, o também realizador francês confidencia-nos como descobriu, e se deslumbrou, com a Natalya, quando esta se encaminhava para mais um dia de trabalho num salão cabeleireiro de Nova Iorque. "Eh pá, quando passou por mim, dei logo conta das sardas e dos olhos azuis". Depois da lenga-lenga do costume, o Luc levou-a para Paris, inscreveu-a num curso intensivo de representação, levou-a de volta para os Estados Unidos e impôs a nova actriz como femme fatale da sequela do Transporter. Eu não sou má lingua, mas tanta dedicação...

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Saúde!

Cá estamos todos em novo ano e prestes a encerrar formalmente a quadra natalícia com o Dia dos Reis. Para o fecho das festividades e reentré em 2009 escolhemos Jennifer Finnigan, uma actriz canadiana que me faz recordar a epidemia de gripe que tem entupido as urgências dos hospitais. No momento da sua inspirada obra, Deus terá sido assolado por uma influenza que não lhe permitiu conter um titânico espirro sobre a pele delicada da Jenny, marcada para a eternidade pelo desleixo do Criador