segunda-feira, 20 de julho de 2009

Sardas malucas

"Temendo o usual mau feitio, aclarei a minha voz para não ser malcriada:
- Olhe, desculpe...
- Diga! Disse-me numa voz indiferente do alto da sua altivez, sem nunca sequer olhar para mim.
- É que hoje tenho um encontro, com um rapaz que gosto e não me dá jeito que aí esteja...
- Desculpe?! Respondeu-me algo ofendida e continuou - Está a insinuar, que me mude?
- Se não fosse muito incomodo, preferia que esta noite... não estivesse aí ou pelo menos que me deixasse disfarçá-la com um pouco de base!
- Perdeu a cabeça! Não deixo que me disfarce com base nenhuma! Não fale mais comigo!
E ignorou-me... Continuando lá, para quem quer e quem não quer. Nos dias que dá jeito e nos outros que não! Sardas Malucas!
...
Quando era pequena, perguntava à minha mãe porque é que tinha pintas na minha cara, 'És especial', resposta automática que calava perguntas repetidas demasiadas vezes. Mas eu era mesmo... Eu era mesmo especial! Tinha a cara e parte do corpo todo cheio de pintinhas.
À medida que fui crescendo, fui amadurecendo a minha relação com as ditas. Hoje são as minhas 'sardas malucas', que tomam bem conta de mim. Aparecem e desaparecem e fazem só o que lhes apetece. Não são controláveis, nada domáveis mas sem elas... já nem sei viver!"
Francisca