segunda-feira, 25 de junho de 2007

Mary croquete

Aquando da minha mocidade, atormentavam-me as tardes de praia ali para a península de Tróia. Em dia de águas vivas, as correntes presenteavam-me com tudo o que era limos e algas, víveres vegetais que arrepiavam a medula sempre que se roçavam à pele. Depois havia os bandos de alforrecas, bichos gelatinosos que condicionavam a banhoca descomprometida e garantiam coceira para três dias. Não esquecendo os peixes-aranha, que me obrigavam a recorrer a umas sandalinhas amaricadas que largavam um fedor pestilento a borracha. Mas o pior de tudo era a areia. Os grânulos enfiavam-se pelas frestas mais improváveis, acachapavam-se nos poros e só desgrudavam ao fim de duas horas em banho-maria. Por falar em maria, serve este prefácio enfadonho para introduzir a primeira comum (sem desprimor) mortal que nos deu a honra de enriquecer este espaço. Como a fotografia atesta, a Mary não se importa de se enrolar no areal só para deleite do sol, astro benfeitor que lhe acentua as sardas ao desbarato. Nos tempos de Tróia, não guardo saudades da imagem do primo Pedro a panar-se pelas dunas abaixo depois de um mergulho naquele mar fétido. Mas à Mary assentam-lhe bem os grãozinhos. Obrigado pazinha por me teres ajudado a sarar um trauma pueril. Em tua honra, fica prometido um croquete na próxima investida à Caparica